terça-feira, 21 de abril de 2020

Gados Políticos

Endeusar políticos é sintoma de transtorno mental
Do brasileiro mais anônimo ao militante mais sofisticado, todos parecem sofrer da mesma confiança cega no seu candidato
 





7.set.2018 às 13h50
 
Todo mundo fala de “fake news”. Poucos falam de “fake readers”. E, no entanto, os segundos sempre me pareceram mais perigosos do que as primeiras.
Produzir informações falsas ou conspiratórias sempre fez parte do DNA da espécie. Até Eva, que era Eva e vivia no Paraíso, não se conteve e foi um pouco “fake” com Adão no episódio da maçã.

Mas é preciso ter uma mente especial, igualmente falsa e conspiratória, para que as “fake news” possam nascer e prosperar. E, nesse quesito, há países e países.

O instituto de pesquisas Ipsos Mori resolveu estudar o assunto, informa o jornal “Daily Telegraph”. Entrevistou mais de 19 mil pessoas em 27 países. E concluiu, entre outras coisas, que os “fake readers” não se distribuem democraticamente pelo mundo.

Quando falamos de “fake readers”, falamos de pessoas com uma certa “tendência” ou “susceptibilidade” para acreditar em tudo que leem. Sem duvidar, sem questionar.
Itália ou Reino Unido, dois países que conheço bem, são pouco crédulos. Entre os italianos, só 29% confessam ter sido enganados por “fake news”. Entre os britânicos, só 33%.

Motivos?

Arrisco um: a desconfiança permanente que italianos e ingleses sempre manifestaram em relação ao poder. Por razões históricas ou filosóficas, ambos os povos sempre tiveram aquela centelha anarquista que permite olhar para a realidade com uma dose saudável de cepticismo.

Não é por acaso que Itália, depois da aberração fascista, tenha tido mais de 60 governos desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Há traumas que nunca se esquecem.

E não é por acaso que Inglaterra, nas palavras do historiador Élie Halévy, tenha passado por todas as revoluções —industrial, social, cultural— sem nunca ter feito a Revolução (com maiúscula).

Mas no estudo do Ipsos Mori há um país que se destaca pelo seu impressionante grau de credulidade: o Brasil, que lidera a lista. Os brasileiros, ou 62% deles, são os mais crédulos de todos (a média é 48%). Em segundo lugar, com 58%, vem a Arábia Saudita. Como explicar isso?

Eruditos apressados dirão que a culpa é da colonização (e do atraso educacional); da herança católica (e da reverência cega perante a palavra escrita); ou, então, de ninguém: se o Brasil é um dos maiores consumidores mundiais de internet, é inevitável que o número de otários seja proporcional ao número de usuários.

Boa sorte nesse debate. Uma coisa é certa: se há algo que distingue o período eleitoral que o país vive é a existência de tribos —à esquerda e à direita, sem distinção— que cometem o supremo pecado em política: acreditar em políticos e batalhar obstinadamente por eles.

Atenção: não se trata de repetir o clichê popular (e populista) de que “todo político é ladrão/incompetente/psicopata”. Provavelmente, nem todos. Provavelmente.

Mas existe uma diferença entre cultivar esse advérbio cauteloso e defender, com fanatismo, o dogma contrário: o político em quem eu voto é a encarnação terrena da sabedoria e da salvação.

Uma temporada recente no Brasil só confirmou o que eu já conseguia intuir à distância: do brasileiro mais anônimo ao militante mais sofisticado, todos parecem sofrer da mesma febre —uma confiança cega, e surda, e muda, e até paralítica, no seu candidato.

Observei isso ao vivo: estava no aeroporto de Brasília, aguardando o meu voo para São Paulo (dia 31 de julho, umas 11 horas da manhã), quando uma turba enlouquecida veio na minha direção. Que fiz eu para merecer aquilo?

Ledo engano. Quando olhei para trás, Jair Bolsonaro estava a um metro de mim, vindo sei lá de onde. O que se seguiu foi digno de um encontro religioso.

Não é um exclusivo de Bolsonaro. O mesmo poderia acontecer com Lula —e acontece, à porta do cárcere, onde dezenas, centenas, milhares de crentes são capazes de enfiar a cabeça na guilhotina pela honestidade de terceiros.

Engraçado: eu sou incapaz de arriscar a minha cabeça por pessoas que conheço bem, ou que julgo conhecer. Aliás, para ser honesto, nem por mim arriscaria o bestunto.
 
Como proceder de forma diferente com alguém que eu não conheço de todo —e, ainda para mais, um político, ou seja, um membro da espécie Homo sapiens que inevitavelmente possui um grau maior de narcisismo e ambição por contingências do ofício?

Votar no melhor candidato é uma coisa; endeusá-lo e canonizá-lo, um sintoma de transtorno mental.

Haverá cura? Não sei. Mas, se houver, desconfio que italianos e ingleses têm a chave do problema.

João Pereira Coutinho
Escritor, doutor em ciência política pela Universidade Católica Portuguesa.


quinta-feira, 16 de abril de 2020

Reflexões - Deus está no controle ?

Reflexões - Deus está no controle ?
 
 



Frase repetida constantemente pelos que se dizem movidos pela fé, principalmente em momentos de crise.

As religiões, em grande parte, têm contribuído há séculos para afastar a humanidade de uma compreensão do  mecanismo de ação das leis cósmicas.

Essa frase, mecanicamente repetida por tantos, mal compreendida tem como consequência o veneno do conformismo, comodismo e o fracasso.

De modo simples : *Deus se manifesta através de sua Creação e de suas Leis.*

Somos creaturas creadas pelo Creador.
 
Como diz o adágio popular : *Deus ajuda quem madruga.* ...

Se diante de situações críticas, oras ao Pai , aguardando solução miraculosa sem o concurso da ação humana, estais equivocado. 

O Creador atende as orações através de creaturas de fé (*), capacitadas, sintonizadas, conectadas com a Mente Divina.

A oração não movimenta fenômenos miraculosos por parte do Creador, na solução dos graves problemas que surjam , mas , mormente instiga o orante a ação imprescindível ...

Se padeces com aguda dor de dente, e oras ao Creador pelo alívio ou cura, sereis levado, não a processo  milagroso de solução da patologia dentária, mas , com certeza, sereis conduzido a tratamento adequado por profissional da ciência odontológica ...

O Creador atua através de suas creaturas.

Cada creatura de fé (*), é em si mesma, o Creador em ação ...

(Marcelo)
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(*)
A FÉ - (Huberto Rohden)

Desde os primeiros séculos do cristianismo, quando o texto grego do Evangelho foi traduzido para o latim, principiou a funesta associação de crer com fé .

A palavra grega para fé é pistis, cujo verbo é pisteuein .

Infelizmente, o substantivo latino fides, correspondente a pistis , não tem verbo e, assim, os tradutores latinos viram-se obrigados a recorrer a um verbo de outro radical para exprimir o grego pisteuein : credere , que em português deu crer .

Nenhuma das cinco línguas neo-latinas português, espanhol, italiano, francês, romeno – possui verbo derivado do substantivo fides, fé ; todas essas línguas são obrigadas a recorrer a um verbo derivado de credere.

Ora, a palavra pistis ou fides significa, originalmente, harmonia, sintonia, consonância .

Portanto, ter fé é estabelecer ou ter sintonia e harmonia entre o espírito humano e o espírito divino.

Nos tempos modernos, é fácil estabelecer o seguinte paralelo ilustrativo: um receptor de rádio só recebe a onda eletrônica emitida pela estação emissora, quando o receptor está sintonizado ou afinado perfeitamente com a freqüência da emissora; se a emissora, por exemplo, emite uma onda de freqüência 100, o meu receptor só reage a essa onda e recebe-a quando está sintonizado com a freqüência 100; só neste caso, o meu receptor tem fé, fidelidade, harmonia ou está em consonância com a emissora.

Se o espírito humano não está sintonizado com o espírito de Deus, ele não tem fé, embora talvez creia .

Esse homem pode, em teoria, aceitar que Deus existe, e apesar disso, não ter fé.

Ter fé é estar em sintonia com Deus, tanto pela consciência como também pela vivência, ao passo que um homem sem sintonia com Deus pela consciência e pela vivência, pela mística e pela ética, pode crer vagamente em Deus.

Crer é um ato de boa vontade; ter fé é uma atitude de consciência e de vivência.

A conhecida frase “quem crer será salvo, quem não crer será condenado”, é absurda e blasfema no sentido em que ela é geralmente usada pelos teólogos.

Mas, se lhe dermos o sentido verdadeiro, ela está certa, porque a salvação não é outra coisa senão a harmonia da consciência e da vivência com Deus.

A substituição de “ter fé” por “crer” há quase dois mil anos desviou a teologia e deturpou profundamente a mensagem do Cristo .

*Autor: Huberto Rohden*

*Este texto é parte de uma nota escrita por Huberto Rohden em seu livro “A Mensagem Viva do Cristo”, pág.90 ed. Alvorada, sétima edição.*



terça-feira, 14 de abril de 2020

Síndrome de Estocolmo - Marcelo S. Carvalho

Síndrome de Estocolmo
A alternativa dos que sobreviverem sem lutar



Parabéns, meu caro
 
Que se deixou ser enganado

E está aí trancado, confinado

Com medo de morrer contaminado

Por um vírus fabricado

Por um governo ditador e cleptocrático,

Há tempos mancomunado

Com outro, cujo muro há tempos foi derrubado,

No objetivo, vilmente arquitetado,

De ter o mundo dominado,

Ajoelhado, humilhado, escravizado ...

Em que direitos milernamente conquistados,

Até pelo sangue derramado

Dos que pela liberdade têm lutado,

São destruídos, desprezados, ridicularizados

Deixando o mundo estagnado, alarmado, amedrontado

E. inevitavelmente , economicamente quebrado

Com o vírus do medo, nas mentes implantado ...


Desperta irmão, desse sono pesado,

Que, teus olhos, mantém cerrados

Para o que ocorre no mundo, de fato ...

Se não lhe falta o intelecto cultivado

No suor abençoado

Do estudo e imprescindível aprendizado,

Talvez, tenhas tu, se permitido ser doutrinado

Por conceitos, pouco aprofundados

E que se mostram falsos quando bem analisados


Fora isso, somente um quadro psíquico perturbado,

Fruto de distúrbio somático,

A ser tratado com método psiquiátrico,

Poderia explicar esse estado

Em que tens demonstrado estar mergulhado


Ou, quem sabe, estejas muito bem informado

Desse projeto, diabolicamente planejado,

Contrário a tudo o que há de mais sagrado,

E seja cúmplice consciente, a preço de ouro, comprado,

Para que o caos seja instalado

No mundo, pelo Pai da Vida, criado



Mas, me dirijo em especial a ti , meu irmão que foi ludibriado

Por todo mecanismo corrupto, das trevas fiel aliado,

Devidamente financiado por celerados

Para que o pânico desmesurado

Tivesse seu objetivo maior alcançado



Sinto lhe dizer, meu amigo, a Glória do Pai destinado,

Que serás convencido, de modo duro e claro,

Quando houver por ti mesmo constatado,

Seu país falido, destruído e quebrado,

E em cima de sua mesa, o vazio do prato

Logo verás que as vítimas do vírus fabricado

É número insignificante quando comparado

Ao número dos, pela fome, exterminados


Não permitas, meu irmão amado,

Que o medo instaurado

Em seu ser , pelo Pai Maior, criado,

O torne semelhante a um pássaro engaiolado,

Que por ser, por migalhas alimentado,

Por tempo indeterminado,

Se satisfaz com o presídio em que foi renegado ..
.



Marcelo Souza de Carvalho